sábado, 31 de julho de 2010

61 dias

Dias que se confundem com noites
noites amargas
secas
nuas
vive num corpo despido
de amor
num inferno de troca de palavras
cuspidas e sujas

sem rumo

61 dias
sem serem dias
numa bússola encravada nas lágrimas
de uma história queimada
e inacabada


killing me slowly

you are always
in my mind everyday
in every hour,
because I love you
but I now that you hate me
and it's killing me slowly

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A corda que tremia


Em dias cinzentos
regados com chuva
abafando as manhãs de verão
lentamente despertava
de mais uma noite
ou seria dia?
contava os dias
em números ímpares
numa vida fora dos limites

dava passos numa corda tremida
cada passo era incerto
existindo sempre a possibilidade
de não apoiar o pé
no sitio correcto
e o colocar no errado
seria sinónimo
do fim da caminhada

medo?
talvez

persistência?
alguma

mas não seria a vida de todos igual?
viver numa corda que treme
ao som das emoções

pensava ser controlada pelo destino
mas finalmente
toda a corda já percorrida
tem a marca dos seus pés
por isso cada passo
é apenas dela

mas o que fazia tanto tremer a corda?
mistério

tremia
mas ela não temia
e assim continuou
e continua
até...
onde os seus pés a levarem

poderia ter asas para voar
e a caminhada seria mais fácil
mas o que aprendeu
e aprende
a testar o seu equilíbrio
faz com que o que treme
aos olhos dos outros
seja estável ao olhos dela

quarta-feira, 28 de julho de 2010

o que é meu e teu


A tua boca soube-me a mel
o teu corpo soube-me a doce
sabores únicos
de amor
amor
amor

pudesse o céu se abrir
hoje
agora
e me levar de volta
ao que foi nosso
meu e teu
ao que ficou suspenso
nas teias do tempo
e me afoga
em areias movediças

dá-me a mão
não me ouves?
ouves sim
nem deixarás de ouvir
até que as forças me falhem
até que o meu corpo
acabe de secar

serei tua
unicamente tua
assim como este sorriso
que é meu
e teu

terça-feira, 27 de julho de 2010

Muito mais que...


"Hoje"
uma palavra tão simples
resistente ao tempo
o maior sinal de vida
o único que importa
neste "hoje" se encontram
todas as cores dos sonhos
as sombras dos pesadelos

os tempos mudam
o homem adapta-se
alguns sentimentos alteram-se
outros ficam entranhados
e guardados a sete chaves
vão vêm nas ondas do mar do tempo
sem nunca se perderem
nesse azul infinito

Muito mais que...
simples pegadas na areia
levadas pelo vento

cada palavra de amor
vive
mesmo que o alimento lhe falte
até que as reservas
de outros tempos lhe falhem

Vive e fica
porque ela existe

será suficiente?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Podre amor



Trazia na boca
o sabor a arsénico
nas veias o sangue
que circulava era quente
como o de um ser
queimado vivo
tinham-lhe atirado
tanta terra a boca
que já se sentia
mais morta que viva
a vida corria
e escorria-lhe
entre os dedos

e depois?

amor amor
podre amor

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Doce "amarga" noite


Entre passos e tropeço
deslizava no meio da multidão
como uma lebre selvagem

Do outro lado
as luzes brilhavam
num douro
que separava duas margens
de uma cidade
quase esquecida

O coração batia forte ao som
dos ruídos da festividade
sorrisos, gargalhadas
entre copos e desabafos

Sentia a presença
de uma alma perdida
de coração rasgado
em orgulho
uma presença que lhe roubou o ar
que vinha da foz
de madrugada

Estava ali
ao alcance de um dedo
mas mais longe do que nunca
do silêncio fez
a sua estrada de partida
e seguiu caminho
sem olhar para trás

Ficou com o sabor amargo
da companhia de uma noite
regada com umas gotas de água
não era para ser assim
mas foi

Não se pode escrever uma historia
quando as palavras
se perderam
um dia
talvez tenha um fim
hoje não

sábado, 10 de julho de 2010

Como o vento...


Sentia-se como o vento
que acariciava os corpos
mas invisível aos olhos
ao único olhar
que lhe dava existência
como o vento
atravessava fronteiras
e fazia-se sentir
na brisa da manhã
num corpo vazio de sentidos
mas com marcas
de um amor perdido
feitas pelas unhas do destino

numa alma perdida no tempo

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Desabafos do homem


Rodava o copo
todas as noites
a mesma hora
com o mesmo
ritual de sempre
queimava os cigarros
até ao filtro
sem se aperceber que as cinzas
lhe caiam pelos dedos
e se espalhavam pela mesa
ao acaso
não levou muito tempo
até que que o seu espírito
se liberta-se do seu corpo
numa espécie de transe
e alucinação
os neurónios em plena sinapse
completaram o seu estado
num delírio
mais-que-perfeito de palavras
regadas a álcool
textos sem sentido aparente
germinaram nesse instante

desabafos do homem
desabafos do copo

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lentamente


Existem dias assim
em que o mais perto
fica mais longe
em que as horas
são intermináveis
e o tempo teima
em não passar
mas passa na mesma
e os segundos voam
sem ela se aperceber
que tudo volta lentamente
ao seu devido lugar

Os sorrisos
ficarão para depois
para o momento
em que as linhas do destino
se voltarão a cruzar no tempo
e do bater ritmado dos corações
uma balada de vida eterna
tímida e e singela
ficará no ar

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Das cinzas renasce o fogo


Queimou os dias
com a acidez das lágrimas
que foram escorrendo pela sua face
foi perdendo a força
a alegria de viver

Questionava o mundo e as coisas
sem nunca ter respostas
até hoje
foi juntando as cinzas
numa caixa de tempo
quando se apercebeu
da caixa vinha uma luz
bela e quente
aproximou-se mais
até que a caixa se abriu
as cinzas tinham se transformado
e ardiam com uma chama
que apesar de quente
ela não teve receio de tocar
das cinzas tinha vindo
para as cinzas voltou sem medo
no momento em que lhe tocou
o tempo inverteu-se
o tempo que se esgotava
estava a crescer novamente

Lembrava-se do tempo
o tempo que tanto ele lhe falava
fechou os olhos
e teve a certeza
que o tempo que lhe fora roubado
nunca se perdeu
esteve sempre com ela

Renasceu o fogo e ardeu
a partir desse momento
o tempo era só dela
a chama está bem viva
nunca morreu
as cinzas nunca foram cinzas
eram lágrimas de vida

A chama irá arder
o tempo que for preciso
até o dito voltar a ser escrito
e a mentira voltar
a ser uma verdade
incontestável...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Fogueira de orgulho e desprezo


Ao cair da noite
a escuridão invadiu-lhe a alma
o sangue que percorria o seu corpo
fervilhava numa taquicardia interminável

As lágrimas que tinham secado por uns dias
voltaram a escorrer pelos seus olhos
como se de uma fonte maldita se tratasse

Imagens, palavras,
desfilavam pela sua mente
a velocidade da luz
mas por muito
que que as tentasse parar
foi impossível
não passavam de recordações
que em noites de amargura
lhe atormentavam o corpo
com sensações de que o ar
que tinha a sua volta
não era suficiente para respirar
que o coração estava (está) tão esmagado
que não voltará ao seu molde inicial

Dor, amargura, tristeza
nessa noite a vida resumia-se a isso
apanhar pedaços de uma vida
estilhaçada por uma única e só pessoa
mas até que ponto
ela iria aguentar?

Ontem o mundo parecia acabar
mas hoje continua viva
mas oca por dentro
como um livro em que arrancaram
todas as folhas
uma a uma
lentamente
e as queimaram
numa fogueira de orgulho e desprezo
em que nem as cinzas
de um amor ficaram

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Perto do dia do fim


Observo dentro de mim a mágoa contida,
A revolta do engano,
A tristeza de ser usada e magoada,
Não existe mal que o tempo não cure,
Mas a mágoa entranhada no coração,
Nem o tempo a leva,
Sofri por amar, para me libertar,
Perdida fiquei no meu próprio tormento,
Na escuridão me senti,
Mas dentro de mim,
Por muito que a dor me cegasse,
Voltei a me encontrar,
Perdi-me por amar as coisas e as pessoas,
Agora descobri como as continuar a amar,
Mas de uma outra forma,
Viver sem amar é como um mar sem água,
Fracos não são os que amam,
Mas sim os que não sabem receber esse amor,
E viver é para os corajosos,
E eu voltei a aceitar o desafio,
Voltar a amar, amar-te a ti...
E enganei-me...
Mais uma vez...

in http://viverdeamorci.blogspot.com/

domingo, 4 de julho de 2010

O tempo...


Foi tão simples te amar
adormecer com o teu cheiro,
o teu calor
acordar a sorrir
acreditava que era ao teu lado que iria estar ...

Em ti nasceu
um amor único de uma vida
o tempo passou depressa demais

nos teus braços
e ficou lento quando voltei
para este meu canto
de sonhos perdidos

Ontem mais que hoje deixei
o meu coração colado ao teu
porque não se separava nunca de ti
o tempo passou
e o nosso amor morreu na primavera
com os nossos sorrisos

Deixei-te gravado
no olhar e no ouvido
que te amava com todos

os meus sentidos


Ainda o ouves?
Ou finges não ouvir?



Viver no passado ou no presente?ou no futuro?