quinta-feira, 22 de abril de 2010

lágrimas ácidas




As lágrimas escorriam-lhe pela face
queimando-lhe os poros
como um ácido
repetia vezes sem conta
porquê eu?
porquê a mim?
talvez ela não fosse a única a sofrer
mas a dor era dela
e por muito que as palavras
o tentem descrever
a amargura ficara-lhe
gravada nas entranhas

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Vida (Fria e crua)



A vida resume-se a isto
seguirmos em frente
sem nada se ter nas mãos
nada é nosso
para quê se iludir
se tudo se resume ao mesmo?
sonhar é inútil
porque os sonhos são inúteis
assim como a vida nos torna em inúteis
vivemos a sombra de outros
até ao nosso último suspiro
para quê ficar a espera de se receber amor?
se a vida não nos deixa
adaptarmos a ele
para quê vestir o mundo de cores
se apenas existem duas
o preto e o branco
a vida sabe a algo cru
sem condimentos
não sabe a nada
apenas continuamos a ingeri-la
a espera que o frio que percorre
o nosso esófago
nos faça vomitar as palavras
que temos engolido
nas noites
em que a solidão existe