segunda-feira, 29 de março de 2010

Sonhar de olhos abertos


A arte de sonhar
de olhos abertos fora-lhe
sempre comum
Já em pequena flor que desabrochava
na inocência da infância
a vida lhe parecia
uma árvore cheia de cores
foi crescendo criando raízes
por onde passou
colheu sementes de amor e desamores
semeou outras tantas
nos vastos campos do mundo
Navegou por ondas
que sonhara em criança
Imaginado um mundo perfeito
na palma da sua mão
o seu mundo
Sorria porque era feliz
a sua inocência
permitia-lhe pensar
que a brincar
se iria construir o seu mundo
e o dos que a rodeavam
Hoje a inocência persiste e resiste
ou não seria a mesma mulher-menina
fiel aos mesmos sonhos de sempre
poderia perder tudo
o que foi colhendo ao longo dos tempos
mas a capacidade de sonhar de olhos abertos
essa é só dela
porque por muito que amemos
ninguém é capaz de ver o mundo
com os nossos olhos

segunda-feira, 22 de março de 2010

Talvez


Talvez o sorriso não fosse o mesmo
Talvez os sonhos tivessem mudado

Talvez, talvez...

Vivia assim
como uma gata que procurava o sol
para se aconchegar
para se purificar

Agora fica presa entre as nuvens
que lhe bloqueiam os limites
que lhe escondem os horizontes

Ou talvez não

Talvez os sonhos não tivessem mudado
e o sorriso
o seu único sorriso
fosse o mesmo de sempre

Talvez talvez...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Mulher

Numa luz nesta noite fria
Fiz o meu reconforto
Vivi este dia como tantos outros
Em que me sinto viva
Mas faltam-me as provas
De que esta vida é minha
Vivia entre ruas e ruelas
Sem me preocupar como o futuro
Hoje estou aqui sentada
Afogada em palavras que não saiem
E que tanto têm para dizer
Dizer que sou eu

Aqui
Uma mulher no meio de muitas
Que tudo merece
Que por tudo luta
A cada dia e a cada momento
Viver não é fácil
Envelhecer difícil
Aqui fico a espera

De tudo e de nada
Com esta luz que me faz companhia
Mas que não me guia