quarta-feira, 11 de abril de 2012

Vício de sílabas

O segredo
entranhou-se-lhe na boca
os suspiros na alma
o silêncio despertou-a
 

Abraçou a noite
amou as sombras
à luz das estrelas
 


Beijou a chuva
que lhe dissolveu os olhos
em lágrimas comuns
ao mais vivo dos mortais

Lembra-se de escrever a noite
deixar de tentar amar
limpou-lhe o corpo
mas o amor
marcou-lhe o rosto
 


Numa perfeita imperfeição
que lhe cavou os olhos
e desalinhou o gosto

Dançou-lhe
uma melodia
nos ouvidos
escondeu-se nos seus dedos
perdeu-se em porquês
que não procurava
inventou um poema
de palavras mudas
 


Vício de sílabas
regadas a tinta
sopro de palavras despidas

Tempo do silêncio
ser poeta
faltou-lhe o sentir
de outros dias
os sorrisos
de outros momentos

Eternizou as palavras

tentando mudar o tempo
fecharam-se os céus
abriram-se os olhos

Suspirou a boca

de saudade (de mim)
 
Cidália Oliveira


*Vidas que vivem em mim

sonhos ainda que procuro*