quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ponto de encontro


Entre dois olhares
surgiu um ponto
entre dois pontos
um jogo de letras
gravadas nas badaladas
de palavras escritas
a luz da lua
de uma meia noite corrida
a vento ciumento

No cume do seu sentir
em que tudo aconteceu
e nada se esqueceu
o medo de ser
cercou-lhe a boca
vidrou-lhe os olhos
confundiu-lhe o gosto
em ligeiro desgosto

Do vazio fez o seu escudo
da incerteza
a calçada
por onde caminhou
prisioneira
do seu próprio corpo

As horas foram-se
somando e gravando
em fendas incertas
na corda do tempo
as estações do ano
germinado
até se apagarem
no inverno destemido

Como uma leve flor
de folhas delicadas
talhadas pelo gelo
abriu-se ao mundo
sem saber
misterioso enigma
aos olhos de quem
a observou
ao longe
bem longe

Cor nas pétalas
no sentir eterno
de um amor
perdido

Ponto de encontro
sem ponto
de um novo amor