terça-feira, 21 de junho de 2011

Eco de sol


Do eco fez-se sol
do vazio renasceu
a luz da áurea perdida
nos tempos

Percorreu a areia
temida de fria
foi deixando marcas
que a maré levou
aos soluços

Deixou de pensar
apenas sentiu
o pôr-do-sol
com magia de luar

O corpo
separou-se-lhe da alma
navegou, navegou
ainda navega
e reluz na espiral
das ondas
que a despiram
de dúvidas e desgosto

Fechou os olhos
e lá ficou
ainda hoje se vê
no vermelho do céu
trocando carícias
com o rei sol

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Na pele da calçada


Estranhou
enquanto o cheiro a medo
se entranhou nas ranhuras
da calçada
que percorreu
descalça

Estranha menina
que se escondeu
na pele
de uma mulher
perdida

Levou na alma
o que o mundo esqueceu
regou o corpo
numa chuva de gotas
dos dedos do céu

No coração guardou
restos de tempestades
embrulhados em páginas
de mil e uma lágrimas

Na alma afogou
o que as palavras
esconderam

No corpo gravou
cada dia e cada hora
nas rugas do tempo
em folhas de rastos
de leves poeiras
de saudade

Viveu uma vida
em que cada minuto
se desligou
como uma lâmpada
fundida

Esperou pelo ontem
que lhe salgou a boca
esperou
ainda espera
e desespera
entre cada lágrima
que solta
pelo corpo

sábado, 4 de junho de 2011

Girassol de sol



Gira girassol
brilho de sol
amarelo estridente
poeira de estrela cadente

Sonho de mulher
fogo que arde
nas planícies
sedentas de amor

Asas de tempo esgotado
mágoas verdes
de labirinto
sem fim

Gira girassol
lembra ao mundo
que o incerto
segue o seu rumo
e o certo
apenas o observa

Gira girassol
de sol
de amor