domingo, 27 de março de 2011

Labirinto de segredos


Deu as chamas
em troca
do calor das estrelas
seguiu caminho
num labirinto
em que as paredes opacas
gemeram num silêncio
mumificador

Pensou na vida
no vazio
em que o seu corpo
se tinha fechado
num compasso passado
feito das barreiras
dos seus próprios limites

Um livro
em que as páginas
desesperaram
no branco
imaculado do nada

Segredos gravados
a ferro e fogo
segredos
sem sede
segredos
de silêncio

domingo, 20 de março de 2011

Eternidade incerta

Texto Jc Patrão/ Cidália Oliveira


Hoje acordei cedo
na ânsia de tocar o futuro
Ver flores negras à janela
e sentir apenas almas
de placebo
que respiraram a sua cor…
Cantam a um anjo
caído
que sem desolação
continuará a voar…
E sonhará que
será sempre possível
viajar em segurança para lá
da derradeira floresta
da vida
desde que não perturbemos
a sua chave para a eternidade…

Eternidade incerta
nas linhas de um corpo
irregulares ao tato
das mãos de seda

Caixa de Pandora
do sentir de um poeta
preso no corpo
de uma musa

Ardem os olhos
ardem palavras
no incerto do futuro
em silêncio

terça-feira, 15 de março de 2011

Solidão de prata


Afogaram-se
os cabelos da musa
num mar de olhar perdido
na prata de um amor
sem tempo

Brilharam purpuras
aromatizadas e cristalizadas
em pó de sonhos
nas retinas de uns olhos
cheios de sabores

Calou-se o tempo
no conforto do silêncio
entre cada fragmento
de um beijo

Rasgaram-se as nuvens
envolvendo o caís
numa solidão de prata

Sentir inocente
inocência sentida
no relevo
da boca do tempo
o teu tempo