quarta-feira, 19 de maio de 2010

Amar com sentido



Será o amor
a capacidade de superar
as diferenças de
personalidades
barreiras geográficas

os conflitos que fervilham
de más interpretações
será que os sorrisos que se colhem hoje
voltam a memória num amanhã
em que os pensamentos frios
e as respostas secas
surgem num remoinho
impossível de controlar

Amar
tudo começa e acaba ai
na capacidade que temos
de sentir as mágoas do outro
na nossa própria carne
escutar sem pedir nada em troca
Amar está longe de se limitar
à troca de carinhos diários
no cruzar de olhares
Amar é um percorrer de trilhos
que levam tempo a passar
porque nem sempre o caminho é certo
e a estrada segura
Amar é simplesmente
aprender a cada dia com os erros
e com as decisões certas
nos momentos certos
e as erradas
nos momentos menos felizes
Amar com sentido
e com todos os sentidos
missão dura
mas não impossível

As duas faces da mesma moeda


O tempo passava lentamente
tempo que lhe permitia
passar dias e dias
apenas com a sua consciência
tempo a mais para pensar
na vida, na morte, no amor, na solidão
tempo a mais
com os seus próprios pensamentos
aos poucos
foi abrindo os olhos
ou talvez
ficando mais cega
por vezes a mentira
parecia-lhe verdade
e a verdade pura mentira
a vida passou a ser
um jogo diário
reencarnando as faces
de uma mesma moeda
ora detestável
ora amável
dois seres que dividem
uma mesma pessoa
alimentados ambos da mesma forma
a sua verdadeira luta interior
resume-se a equilibra-los
mas nem sempre o consegue
porque não controla o mundo
e muito menos os pensamentos
que tanto lhe fazem amar
como odiar ao mesmo tempo
um dia talvez tenha a resposta
às suas perguntas
mas hoje fica na dúvida

sábado, 15 de maio de 2010

As barreiras do infinito



Acordou de manhã
com a sensação de que a noite
teria sido demasiado curta
dor no corpo
dor na alma
simplesmente dor fria a crua
entranhada em cada articulação
em cada célula epidérmica
sentiu-se entre duas barreiras
que a imobilizaram
apenas lhe permitindo respirar
e nada mais
Seria esta a verdadeira razão de viver?
sem sorrisos?
sem olhares?
sem carinhos?
Acordar de madrugada
com o vazio das paredes
e as vozes da radio
que lhe lembravam
que o dia começava assim
pensava que amanhã seria diferente
mas não passaram
de um correr de dias
em que as barreiras do infinito
pouco lhe ofereceram
e tudo lhe tiraram

domingo, 2 de maio de 2010

Cega pelas incertezas



Viver entre dois mundos
entre a espada e a parede
e escolher a espada para viver
quando essa lámina
passa horas
a me ferir,
a me quebrar
pudesse o mundo ser diferente
as suas leis diferentes
para eu não ter que escolher
viver entre dois mundos
no qual apenas um
é o meu lugar
este outro
sufoca-me em lágrimas
queima-me em amarguras


O sol está ai contigo
vai sempre estar
sei que ai é o meu lugar
mas o tempo tarda a passar


O tempo perturba os ponteiros
do meu relógio
e os faz rodarem
no sentido inverso
do "nosso" tempo
do teu tempo
até quando?
não o sei, ninguém o sabe...

sábado, 1 de maio de 2010

Olhos de vidro


Passam-se os dias,as horas
Anoitece mais tarde aos olhos,
De qualquer ser iluminado pelo sol
Mas não para mim,
Os meus olhos vidraram-se
De tanto se abrirem e fecharem
Sem nada verem a não ser
Nuvens de sombras
Que testam os meus limites
As minhas palavras
De verdadeiras
Passaram a falsas
Falsas juras de amor
Como se todo o sangue
Que me percorre as artérias
Não me fizesse
Bater o coração por ti
Como se eu não respirasse
De cada jura de amor
Selada de sangue
Do meu sangue
Abriu-se uma ferida
No corpo
Na alma
Desapareço
A medida que esse fluido
Escorre pelos meus olhos de vidro
Cegos de te amar
E me pinta a pele
De vermelho morto
Perdi as forças
Tiraste-me a vida
Eras a sombra do que nunca fui
Hoje és a luz da vela

Que ilumina a sombra que sou