Fecharam-se
os olhos
da noite
num escurecer
sem fim
Num segundo
soltara-se
o tempo
e as lágrimas
que decoravam
as cortinas de pele
da alma
voaram
para além do horizonte
sem rasto
sem cheiro
nem luz
Tempo
sem tempo
de momentos
sem gosto
nem rosto
Em que (me)soltei
para (te)encontrar
na teia
do meu tempo
o nosso tempo
Num sentir
de sentidos contidos
num ferver de corpos
e almas enlaçadas
fusionadas
descobriam
encobriam uma sede
um desejo de um beijo
gravado
entranhado
no nu de dois corpos
tatuado,gravado
num pergaminho
de pele de seda
beberam de um elixir
de amor ardente
a sede ficou
sede de ter
de se queimarem
de amor

Caminhava
por ruas incertas
a confusão
turvava-lhe a mente
deturpava-lhe os sentidos
afiava-lhe o gosto
de amargo desgosto
de corpo cansado
desgastado
como as letras
de uma música
esquecida
abriu e fechou os olhos
vezes sem conta
mas pouco viu
uma imagem gasta
espelhava bem a sua frente
de corpo nu
alma perdida
sorriso retido
um dia
talvez um dia
a vida sem sentido
voltasse a ter
um gosto sentido
Navegou num mar com a foz numa bocade melafogou-se num corpode pele de sedanum suave suave amarperdeu-se num serque lhe despertouo instintoo sabor do amoradormecidomas nunca esquecidoperder-se-ia vezes sem contanum tempode compassos musicaisnum adormecere eterno acordarno perfeito sorriso de um terno olharo (teu) olhar
Fechou os olhosAbriu a alma
"desperta amor
voa amor
ilumina-me
enfraquece-me
faz-me respirar
sentir viva
regar as minhas palavras
da tua fonte"
amor
amor
estranho amor
que mal se estranha
se entranha
como uma semente
em terra fértil
sentimento (e)terno
amor (ln)certo
mas certamente
amor
