segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sopro de luz


Na luz de uma noite
em restos de pó de estrela
deu o seu último sopro
fechou os olhos
calmamente com tempo

Com palavras soltas ao vento
quebrou rochedos
endurecidos pelas lágrimas
sal do mundo
nas ondas puras
de um mar sem ar

Fez do sabor
de uma boca perdida
o seu porto de abrigo
o seu farol
nas ondas dos sonhos
gravou a imagem
de musa perdida

Tentou descrever
tudo o que na alma sentiu
mas ficaria sempre por dizer
tudo o que no corpo guardou
os sabores que nela navegavam
numa eterna
saudade de ter

Aconchegou-se num cobertor
feito de recordações
de lápis na mão
foi escrevendo o que a boca
não permitiu dizer

Assim se fez poeta por uma noite
no abrigo das palavras
de hoje e de sempre

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo, CI! Como sempre!... é tão mais fácil escrever do que dizer...
Tanto! Tanto!


Lena Silva Pinto

maltes disse...

Por vezes ficamos sem palavras e apetece-nos ficar fechados num abraço em silêncio.
Bjinho muito grande.