segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Abrigo (entre dedos)

Esculpidos no gelo
olhos de cristais
soltaram-se no silêncio
de um porquê perdido

Rodou a lua
num amanhecer lento
penumbra de saudade
face quente
encanto de um abrigo
entre dedos

Beijou o tempo
no compasso
de um doce relento
sonho entre folhas
de uma madrugada rugosa
misturada à poeira
que o pensamento deixou

Sentiu verdade
nas mentiras
que foi colhendo
enganou o passado
cobrindo de ouro
o presente

domingo, 9 de outubro de 2011

Entre linhas

Entre linhas
de passos descalços
foi sentindo
o húmido orvalho
roubado a noite

na sombra deixou
os mesmos suspiros
de sempre
nas rugas que não tinha
os segredos de ontem

finalmente livre
vive novamente
de amor pelas palavras
que nunca lhe secaram

raízes nos seus pés
essência de um mundo
poeta que nunca foi
perdida nas palavras
que nunca teve