O que a vida nos dá
O que pensamos possuir
É mais temporário
Que mil ventos dispersos
Nos caminhos de ferro
Após a passagem
de um comboio em fúria
Nada é mais fútil
Que perder o que nunca foi nosso
O que nem tempo tivemos de viver
Nada é mais injusto
Que esquecer os sorrisos
De ontem
Que hoje nos confundem
E perseguem desesperadamente
quando a luz se apaga
Os porquês da nossa infância
Atropelam-nos em adultos
E quase que se mata o tempo
Quando ele nos sobra
[E sobra-me tanto]
Passaria dias e milhares de noites
A procura das palavras certas
Para descrever o indescritível
Das perguntas erradamente feitas
Que nunca terei resposta
A viagem vai longa
A vida mais curta
Os sonhos mais distantes
E o comboio, esse?
Segue, sem destino
Cidália Oliveira
Texto&fotografia
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